Dívidas, Atrasos e Orçamento Chumbado em Setúbal: Gestão CDU Sob André Martins Sofre Repúdio Unânime

Dívidas, Atrasos e Orçamento Chumbado em Setúbal: Gestão CDU Sob André Martins Sofre Repúdio Unânime

A Câmara Municipal de Setúbal, gerida pela CDU sob a liderança de André Valente Martins, enfrenta críticas generalizadas pela sua gestão financeira. Os dados apontam para um quadro preocupante, marcado por dívidas crescentes e uma administração considerada pouco sustentável. Este tema tem gerado uma rara convergência entre partidos políticos da oposição, que denunciam a deterioração das contas municipais.

 

Aumento expressivo das dívidas

Entre 2017 e 2021, período liderado pela ex-presidente Maria das Dores Meira, a dívida total da autarquia aumentou mais de 10%, passando de 50 milhões de euros para 55,5 milhões de euros. A dívida a fornecedores subiu quase 9%, enquanto os passivos financeiros aumentaram 13,5%. A oposição destaca que essa tendência se agravou no mandato de André Martins.

Em 2024, os pagamentos em atraso atingiram 12,3 milhões de euros, e as dívidas a fornecedores cresceram cerca de 10 milhões de euros em apenas um ano. Segundo relatórios recentes, a dívida total da autarquia poderá chegar a 30 milhões de euros, comprometendo a sustentabilidade do município.

 

Gestão controversa de recursos

Os vereadores do Partido Socialista destacaram que parte do montante acumulado decorreu de uma má gestão no relacionamento com concessionárias, como a Águas do Sado, que acumulou uma dívida de quase 30 milhões de euros com o município.

“A atual gestão da CDU, liderada por André Valente Martins, falha em apresentar soluções sustentáveis para o município. O endividamento bancário e as dívidas a fornecedores atingiram patamares alarmantes. Essa é a continuidade de uma política financeira que ignora os interesses dos setubalenses”, criticou Paulo Lopes, deputado municipal do PS.

Os socialistas ainda ressaltaram que a redução do IRS e do IMI, defendida pela oposição, foi implementada sem comprometer a sustentabilidade financeira da autarquia, reforçando que a receita fiscal acabou por crescer devido ao aumento da atividade económica no concelho.

O PSD e o PAN alertam que os atrasos nos pagamentos a fornecedores têm colocado empresas locais em risco, ameaçando postos de trabalho e a continuidade de instituições sociais dependentes da autarquia. Esses atrasos geraram, nos últimos anos, mais de 3,5 milhões de euros em juros de mora.

A vereadora do PSD, Sónia Leal, salientou que, mesmo com um aumento de 9% na arrecadação de impostos diretos em 2024, a gestão tem falhado em equilibrar receitas e despesas, agravando o endividamento.

Os partidos da oposição também questionam o uso de recursos financeiros em projetos considerados de baixo impacto. Exemplos incluem a aplicação de 500 mil euros em rotundas e iniciativas de embelezamento, como pinturas em bairros na Bela Vista, que, segundo o deputado do Chega, Luís Maurício, privilegiam o populismo em detrimento de estratégias estruturais.

A Iniciativa Liberal destacou a baixa execução de receitas de capital, o que compromete investimentos estratégicos, e o Bloco de Esquerda criticou o contrato de concessão de estacionamento por 40 anos e a dívida em litígio com a Águas do Sado, que acumula quase 30 milhões de euros.

 

Orçamento Municipal para 2025 chumbado

O Orçamento Municipal para 2025 da Câmara Municipal de Setúbal, apresentado pelo executivo da CDU, foi rejeitado em votação pelos vereadores do PS e PSD. As bancadas da oposição criticaram duramente o documento, destacando falhas estruturais e a baixa execução orçamentária que tem marcado a gestão camarária.

Joel Marques, vereador do PS, não poupou críticas ao orçamento, classificando-o como uma proposta “sem rasgo nem ambição”. Segundo Marques, trata-se de um documento “insuflado, que se limita a somar milhões não executáveis aos milhões que todos os outros anos ficam por executar”. O vereador socialista reforçou que a gestão da CDU tem conduzido Setúbal “a uma enorme rotunda, onde o concelho circula em voltas intermináveis, sem conseguir sair”. Marques também lamentou a falta de diálogo do executivo, afirmando que a oposição não tem sido consultada para construir soluções conjuntas.

Pelo PSD, o vereador Paulo Calado destacou que o orçamento apresentado pela CDU é “gigantesco, pré-eleitoral e, obviamente, não é realizável, nem executável”. Calado também apontou o crescimento da dívida a fornecedores, que, segundo ele, já ultrapassa os 30 milhões de euros, sendo que “8 milhões de euros correspondem a dívidas com mais de um ano”. Para o PSD, a gestão do orçamento em regime de duodécimos seria mais vantajosa, permitindo maior controlo sobre as despesas.

A rejeição do orçamento para 2025 representa um duro revés para a CDU, que governava sem maioria. O executivo argumenta que o chumbo terá consequências severas para o funcionamento da autarquia e acusou PS e PSD de “bloquearem a gestão municipal”. O presidente da Câmara de Setúbal afirmou que o corte estimado de 20 milhões de euros nas receitas terá impacto direto na execução de projetos, responsabilizando a oposição pelas dificuldades que possam surgir.

A decisão evidencia a crescente tensão política no município, colocando em destaque as fragilidades da atual gestão e a falta de consenso entre as forças políticas em Setúbal.

 

“Em resumo, este é um mau orçamento para o nosso concelho.”

O economista Mário Aranha analisou o Orçamento da Câmara Municipal de Setúbal e destacou preocupações significativas, afirmando: “O Orçamento da Câmara Municipal de Setúbal apresenta sérias fragilidades, refletindo uma gestão marcada por elevada despesa corrente, baixo investimento e escolhas orçamentais altamente questionáveis.”

“O Orçamento da Câmara Municipal de Setúbal é um documento de difícil análise, isto porque nos últimos 10 anos os orçamentos têm graus de execução (cumprimento do que está planeado) muito baixo. Em termos médios, as despesas e as receitas orçamentadas relativas a despesas correntes (por exemplo custos com pessoal, apoios ao movimento associativo, consumos de energia) são cumprindas geralmente a 75%, mas o investimento (por exemplo na descarbonização da actividade camarária) geralmente não passa dos 55%.

Daquilo que é possível analisar, a CMS é uma estrutura pesada, estando previstos só em custos de funcionamento e de pessoal cerca de 138 milhões de euros. Assim, a CMS prevê gastar € 378.000 por dia só na sua estrutura interna (recursos humanos, energia, limpeza, apoio jurídico, etc.).

Claramente aqui existem oportunidades de melhoria: se as despesas com aquisições de bens e serviços, (estão orçamentos cerca de 83 milhões de euros destes gastos), diminuirem em 5%, seriam libertados cerca de € 4.150.000, que poderiam ser usados, por exemplo, para baixar o IMI ou o IRS municipal, ou construir novos parques verdes.

De notar também as bizarras verbas orçamentadas em Aquisição de Outros Bens (mais de €8.000.000) e de €39.000.000 (!) em Aquisição de Outros Serviços, quando estes itens devem ter um peso residual. Daí se conclui que metade do orçamento para Aquisições de Bens e Serviços está previsto para despesas “mistério”.

Quanto às despesas de Investimento apesar do seu volume no valor de 165 milhões de euros, constata-se que: 74% desse valor é absorvido pela reabilitação de habitações sociais, e 7% estão alocados em investimentos sem explicação com a designação de “Outros Investimentos”. Nota-se também estarem previstos 0 euros para investir em: nova construção de habitação social, ou em renda acessível para jovens e classe média, para a poupança energética, para a construção de parques empresariais e de ninhos de empresas.

Quanto a novos equipamentos desportivos a CMS apenas aloca cerca de 1% do total do orçamento total previsto. Para suportar a despesa total prevista (cerca de 339 Milhões de euros), a CMS vai cobrar entre impostos e taxas cerca de 57 Milhões de euros em 2025 (são mais de € 6.500 por hora cobrados aos setubalenses e azeitonenses), recebendo ainda a CMS entre transferências do Estado Central, Fundos Comunitários, etc. mais 269 milhões de euros.

Apesar deste volume apreciável de receitas a CMS vai endividar-se junto da banca em mais 13 milhões de euros, que irão onerar os setubalenses em várias centenas de milhares de euros anuais em juros no futuro. As conclusões, face a estes números são óbvias: demasiada despesa corrente, falta de investimento, excessiva dependência de impostos na receita, opções muito discutíveis em certos itens da despesa e da receita (abuso dos “Outros despesas/Outra receitas”).

Em resumo, este é um mau orçamento para o nosso concelho.”

 

Coesão política apartidária e consenso 

Em Setúbal, emerge uma coesão política apartidária diante da gestão financeira conduzida por André Valente Martins. Todos os partidos de oposição eleitos, tanto para a Câmara Municipal quanto para a Assembleia Municipal — incluindo PS, PSD, PAN, Chega, Iniciativa Liberal e Bloco de Esquerda —, convergem em críticas contundentes às políticas fiscais adotadas, classificando-as como prejudiciais aos interesses do município. Essa rara união entre forças políticas ideologicamente distintas transcende rivalidades partidárias tradicionais, destacando uma preocupação comum e objetiva com a sustentabilidade e a transparência financeira do executivo municipal, reforçando a legitimidade das críticas apresentadas.

 

Vereadores do PS: “A situação financeira não resulta da oposição, mas da gestão da CDU”

“Vereadores do PS respondem a acusações infundadas de André Martins – A situação financeira do Município não resulta da ação da oposição, mas sim da gestão danosa de sucessivos executivos CDU.

Na sessão extraordinária da Assembleia Municipal, onde esteve em debate o Estado do Município, o Presidente da Câmara, André Martins, responsabilizou a oposição pela situação financeira do Município. Os Vereadores do PS questionaram, por isso, em reunião da Câmara Municipal de Setúbal, no dia 6 de novembro, se a evolução negativa da situação financeira do Município durante o anterior mandato, a qual está na génese do contexto atual, se deve à oposição ou ao então Executivo Municipal de maioria absoluta CDU, liderado pela ex-presidente, Maria das Dores Meira

Durante o mandato 2017/2021, os passivos financeiros aumentaram mais de 13,5%, as dívidas a fornecedores cresceram quase 9%, a dívida bancária de médio e longo prazo aumentou quase 20%, e a dívida total da Autarquia cresceu acima de 10%, de 50M€ para mais de 55,5M€.

Neste período, a Câmara Municipal de Setúbal pagou quase 3,5M€ em juros de mora – ou seja, o equivalente à aquisição de 3 Praças de Touros Carlos Relvas.

Por outro lado, a CMS só aplicou mais de 12M€ de uma garantia bancária no pagamento de dívida em atraso a fornecedores porque permitiu que, ao longo dos anos, a Águas do Sado acumulasse uma dívida ao Município de quase 30M€.

Vereadores do PS solicitam avaliação dos resultados da criação das Áreas de Reabilitação Urbana e das Zonas de Pressão Urbanística, com destaque para a ARU e ZPU de Setúbal Central.

Decorridos quase dois anos sobre a aprovação da Área de Reabilitação Urbana Setúbal Central, com a qual coincide também uma nova zona de pressão urbanística, os Vereadores do PS consideram que importa avaliar os impactos das três ZPU existentes no concelho e, eventualmente, equacionar a redefinição dos seus limites de modo a adaptá-los à realidade do concelho.”

 

Vereadores do PSD: “Gestão financeira em degradação coloca Setúbal em risco”

“O PSD constata que a gestão financeira da Autarquia tem vindo a degradar-se ao longo deste mandato e pela tendência verificada no final de 2024 haverá resultados negativos históricos que podem rondar os 30 M€ colocando em risco a sustentabilidade da autarquia.

Dados recentes (este ano de 2024 até setembro) mostram que a dívida aumentou 10,2 milhões de euros em relação ao mesmo período do ano passado. Desse aumento a dívida a fornecedores aumentou 10 milhões de euros, de onde é legítimo deduzir que são os fornecedores a financiar o aumento da dívida do Município.

Segundo o mesmo relatório os pagamentos em atraso, a 30 de setembro, eram de 12,3 milhões de euros, o que leva o PSD a exigir informação à Câmara sobre o mapa de antiguidade das dívidas a fornecedores e qual a justificação para o não cumprimento dos prazos exigidos por lei para a regularização dos pagamentos, gravíssimo problema que coloca em risco a manutenção de empresas e seus postos de trabalho.

Dados recentes (este ano até setembro) dizem que a Câmara recebeu em impostos diretos mais 3 milhões de euros que no ano passado, isto é aumentaram em 9%. Estamos do lado certo, quando propusemos a redução do IRS, valores mais baixos de IMI, o IMI familiar e medidas anti-inflação em 2025 na continuação uma política social e do apresentado e aprovado para 2023 e 2024, medidas que não colocam em causa o equilíbrio financeiro do Município e em benefício de todos os setubalenses e azeitonenses.

Iremos terminar este ano de 2024 com uma autarquia em pior estado financeiro, que é mais um peso para o concelho que um promotor de progresso e bem estar, como seria normal esperar. Melhores tempos virão.”

Vereadora Sónia Leal e Deputado Municipal Rui Lamim

 

Assembleia Municipal: Forças políticas convergem sobre a gestão financeira da CDU

PS: Transparência sobre a “pesada herança” da CDU

O deputado Paulo Lopes reiterou que a situação financeira atual deriva de má gestão entre 2017 e 2021, quando a dívida total aumentou mais de 10%. Lopes exige que André Martins justifique os gastos no seu mandato, reforçando que as reduções fiscais promovidas pela oposição não comprometeram as finanças municipais.

“Nas últimas semanas temos ouvido o Sr. Presidente da câmara, a acusar a oposição do atual estado financeiro da câmara Municipal de Setúbal, que é governada há mais de 20 anos pela CDU.

Importa por isso relembrar alguns factos, nomeadamente a situação financeira que herdou da anterior edil, mandato de 2017-2021, particularmente , o passivo financeiro que nesse período aumentou mais de 13,5%, às dívidas a fornecedores, sé nesse período cresceram quase 9%, a dívida bancária de médio e longo prazo aumentou quase 20%, e a dívida total da autarquia cresceu acima de 10%, de 50M€ para mais de 55,5M€

No mesmo período (2017-2021), a CMS pagou quase 3,5M€ em juros de mora – ou seja, o equivalente a 3 Praças de Touros Carlos Relvas. Este foi o cenário que a CDU, deixou a Câmara Municipal em 2021, pelo discurso do presidente André Martins, pelos vistos está a preparar deixar as contas no final do seu mandato, ainda piores.

Graças à oposição, nomeadamente ao Partido Socialista, os impostos diretos sobre os Setubalenses e Azeitonenses baixaram, mas esta redução em nada colocou em causa a sustentabilidade financeira da câmara, pois por via da atividade económica, houve um aumento da receita desses mesmos impostos, pelo que para o município a redução do IMI e IMT, não se saldou em perda de dinheiro, pelo contrário.

Importa assim ao Sr. Presidente explicar a todos, de forma objetiva e transparente, a pesada herança que recebeu da anterior presidente Maria das Dores Meira, e onde gastou o dinheiro neste mandato, que levou a um endividamento bancário e um montante de dívidas a fornecedores sem memória.”

 

CHEGA: “Populismo e falta de visão estratégica”

O deputado Luís Maurício acusou o executivo de investir em “obras de cosmética” e defendeu que a falta de visão estratégica pode levar ao recurso ao Fundo de Apoio Municipal, prejudicando ainda mais a autonomia do município.

“A Câmara Municipal de Setúbal enfrenta atualmente uma grave situação financeira, marcada por uma escalada preocupante nas dívidas aos fornecedores, que têm vindo a atingir níveis difíceis de controlar. Este quadro reflete uma gestão pouco sustentável, com despesas significativas em projetos de impacto questionável, como a aplicação de 500 mil euros em rotundas, ou iniciativas de caráter populista, como a pintura de bairros na Bela Vista, que parecem visar a conquista do voto popular em detrimento do planeamento a longo prazo.

Sem uma visão estratégica para o futuro dos munícipes, o atual executivo municipal arrisca-se, num futuro próximo, a ter de recorrer ao Fundo de Apoio Municipal, uma medida que comprometeria ainda mais a autonomia financeira da autarquia.

Importa salientar o papel determinante dos partidos da oposição em travar um maior agravamento da dívida municipal, o que poderia ter colocado o município numa situação ainda mais delicada.

Neste momento, é crucial virar a página e concentrar esforços em soluções que conduzam a uma gestão sustentável e responsável, com vista à recuperação financeira e ao desenvolvimento do concelho, sempre com os interesses dos setubalenses como prioridade.”

 

PAN: “Desrespeito pelos fornecedores”

Para Mariana Crespo, a gestão da CDU compromete não só a sustentabilidade da Câmara, mas também de empresas e instituições que dependem dos pagamentos municipais. “Endividar os setubalenses sem apresentar soluções para a dívida é um total desrespeito”, afirmou.

“A gestão financeira da câmara de Setúbal tem sido feita de forma desastrosa. 

Isso tem sido visto nos sucessivos relatórios financeiros de receita/despesa que mostram uma constante diminuição de receitas e aumento de despesas ao longo dos anos do atual mandato.

Sendo neste ponto a pior notícia o agravamento das dívidas a fornecedores. Não podemos esquecer que estes fornecedores são não só prestadores de serviços como muitas instituições particulares de solidariedade social que substituem deveres que deveriam ser do município e da administração central e que assim vêem a continuação da sua atividade seriamente posta em causa. Não só o município tem vindo a arrasar a sua sustentabilidade financeira como tem vindo a arrastar a sustentabilidade financeira de outras empresas e instituições. 

Por muito que o atual presidente André Martins e a CDU apreciem lançar as responsabilidades à administração central ou a um partido que esteve no executivo da câmara de Setúbal há uma vintena de anos, a verdade é que a responsabilidade permanece única e exclusivamente na falta de visão e capacidade de gestão da CDU já desde o período da antecessora Maria das Dores Meira.

É notória a ausência de capacidade de gestão do atual presidente quando as únicas iniciativas de chegar a uma solução assentam em solicitar mais créditos a 20 anos, e que assim irão apenas empurrar o problema e continuar a endividar os setubalenses e azeitonenses. Além de que são totalmente incapazes de apresentar soluções para resolver os largos milhões de euros de dívida a fornecedores nem tal parece ser uma oportunidade, uma atitude que não podemos deixar de considerar de total desrespeito.”

 

Iniciativa Liberal: “Foco em investimentos estruturantes”

Flávio Lança enfatizou que os 25 milhões de euros em dívidas a fornecedores refletem decisões financeiras que não beneficiam os munícipes. Defende investimentos em educação, transportes e infraestruturas, criticando obras “superficiais e sem retorno prático”.

“O futuro de Setúbal exige coragem para mudar e uma gestão que seja verdadeiramente comprometida com os interesses dos seus munícipes. Não podemos continuar a aceitar decisões que comprometem a sustentabilidade financeira e deixam os problemas estruturais por resolver. É tempo de exigir uma gestão responsável, que sirva verdadeiramente os setubalenses e prepare a nossa cidade para os desafios do futuro.

Sinto um enorme dever alertar para a grave situação financeira da Câmara Municipal de Setúbal, que se encontra numa trajetória preocupante, marcada por um aumento contínuo das dívidas e pela ausência de investimentos estruturantes que possam efetivamente melhorar a qualidade de vida dos setubalenses.

Um dos indicadores mais alarmantes é o aumento das dívidas a fornecedores, que já ultrapassam os 25 milhões de euros, crescendo quase 10 milhões em apenas 12 meses. Este aumento não é apenas um reflexo de má gestão, mas também um sintoma de decisões financeiras que colocam o município em permanente atraso nos pagamentos a quem lhe presta serviços essenciais. Paralelamente, a dívida à banca continua a subir, sem que sejam canalizados recursos para projetos que promovam o desenvolvimento económico ou melhorem as condições de vida dos cidadãos.

Os números mais recentes são claros, apontando para um resultado líquido negativo de mais de 15 milhões de euros. Este défice reflete a incapacidade do município para equilibrar receitas e despesas, comprometendo ainda mais a sua sustentabilidade financeira. Apesar deste resultado negativo, a execução de receitas de capital permanece incrivelmente baixa, colocando em risco projetos que poderiam trazer benefícios concretos aos setubalenses.

Infelizmente, os recursos disponíveis continuam a ser desbaratados em obras de cosmética, como requalificações superficiais e intervenções que não oferecem qualquer retorno prático. Algumas relacionadas com a mobilidade no concelho até complicam a vida aos Setubalenses e Azeitonenes. Estas decisões perpetuam um ciclo de má gestão e hipotecam o futuro do município.

Na educação, a situação é particularmente grave. Existem escolas sem condições mínimas para lecionar, com infraestruturas envelhecidas e falta de equipamentos essenciais. Além disso, muitos alunos enfrentam dificuldades no acesso à escola, levantando-se de madrugada para apanhar vários autocarros, o que compromete o seu rendimento escolar e a igualdade de oportunidades. Estas realidades deveriam estar no topo das prioridades de qualquer executivo municipal.

A manutenção do território também reflete esta gestão desastrosa. As ruas estão degradadas, os espaços verdes carecem de manutenção e a iluminação pública é insuficiente. Este abandono das infraestruturas básicas coloca em causa a qualidade de vida e a segurança dos setubalenses. Apesar de um orçamento aparentemente robusto, não se vêem resultados concretos que justifiquem os gastos.

Setúbal encontra-se numa situação precária, onde o aumento das dívidas, a ausência de planeamento estratégico e a má alocação de recursos estão a hipotecar o futuro do município. É urgente que se inverta este ciclo, apostando numa gestão baseada na responsabilidade, na eficiência e na transparência. Precisamos de investimentos que tragam retorno real para a população, como a modernização das escolas, o desenvolvimento de soluções de transporte mais acessíveis e a dinamização económica local.

Defendo uma visão estratégica que coloque os setubalenses em primeiro lugar. As prioridades devem ser claras: garantir educação de qualidade para todas as crianças, melhorar as condições de vida através de infraestruturas modernas e seguras, e gerir os recursos financeiros de forma criteriosa para evitar o crescimento descontrolado da dívida”.

 

Bloco de Esquerda: “Gestão marcada por retrocessos”

Vítor Rosa destacou que a atual gestão perpetua os erros do passado. Apontou como exemplos a degradação da Praça de Touros e a má gestão do espaço Imapark, afirmando que ambos ilustram a herança de Maria das Dores Meira e André Martins.

“A opinião do Bloco de Esquerda sobre a atual situação financeira da câmara municipal de Setúbal é de que vemos com muita preocupação os valores de dívidas a fornecedores que têm no futuro próximo, um peso cada vez maior nas contas do município, não só pelas dificuldades da sua resolução sustentável como também o acréscimo de juros de mora associados à continuação dos atrasos nos seus pagamentos.

Acresce a estas preocupações a margem de capacidade de endividamento da autarquia, com reflexos nos investimentos futuros de estruturas que fazem falta ao concelho e que sem apoios centrais ou inseridos em candidaturas de fundos europeus, venham estagnar essa capacidade de investimento por iniciativa de quem venha a assumir o executivo a partir das eleições autárquicas do próximo ano, deixando um concelho mais pobre. 

As causas para esta situação não são exclusividade deste executivo liderado por André Martins, mas sim na nossa opinião de uma estratégia assumida pela CDU desde os tempos de Dores Meira até aos nossos dias, os membros eleitos pela CDU neste executivo são os mesmos que fizeram parte de executivos de Dores Meira e não à forma de os separar dessas decisões, tanto Dores Meira, como os que agora acompanham André Martins. 

Exemplos dessa má gestão financeira são a Praça de touros, sem concretização de projectos para curto prazo e a degradar-se ano após ano; o espaço do Imapark nas Pontes, espaço sempre propagandeado como futuro ninho de empresas e basta olhar para o seu estado atual para ver o que, tal como a Praça de touros, são parte do legado de Dores Meira e André Martins até à presente data. A estes dois exemplos podemos juntar outros como o contrato de concessão de parqueamento de 40 anos ou a dívida das Águas do Sado à câmara que se encontra em litígio jurídico. 

Dizer que a culpa das dificuldades é da oposição com a aprovação de redução do IRS ou do IMI, é uma falácia por parte do atual executivo para esconder os seus erros, facilmente desmontáveis ao apreciar as atuais contas camarárias.

Esperemos por 2025, para que esta realidade se altere para bem de todos munícipes do concelho de Setúbal.”

 

Um futuro incerto

A situação financeira de Setúbal preocupa tanto pela magnitude das dívidas quanto pela falta de soluções efetivas. Partidos como o Bloco de Esquerda e o PAN apontam para um cenário de estagnação económica e declínio na qualidade dos serviços públicos. A possibilidade de recurso ao Fundo de Apoio Municipal, mencionada por diversos deputados, seria um sinal de perda de autonomia financeira.

Com as eleições autárquicas de 2025 no horizonte, a gestão de André Martins está sob intenso escrutínio. A oposição promete buscar mudanças profundas para colocar o município em um rumo mais sustentável, enquanto a CDU enfrenta o desafio de justificar sua atuação e reverter a insatisfação crescente.

Em nota publicada no portal do municipio, André Martins salientou que a maioria está a cumprir o compromisso eleitoral que a CDU apresentou para o mandato 2021-2025, destacando, além dos investimentos, o regresso da água “à gestão pública com a fatura reduzida em cerca de 20 por cento”, após “25 anos de gestão privada por responsabilidade do Partido Socialista”.

O Setúbal Notícias continuará a acompanhar de perto os desdobramentos dessa situação e as implicações para os setubalenses e azeitonenses.

 Foto: CM Setúbal

Notícias Relacionadas

  • All Post
  • Alcácer do Sal
  • Concelho: Alcácer do Sal
  • Concelho: Alcochete
  • Concelho: Almada
  • Concelho: Barreiro
  • Concelho: Grândola
  • Concelho: Moita
  • Concelho: Montijo
  • Concelho: Palmela
  • Concelho: Santiago do Cacém
  • Concelho: Seixal
  • Concelho: Sesimbra
  • Concelho: Setúbal
  • Concelho: Sines
  • Cultura
  • Desporto
  • Distrito
  • Educação
  • Gastronomia
  • Geral
  • Política
  • Saúde
  • Segurança

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Edit Template

© 2024 Jornal Setúbal Notícias. Todos os direitos reservados. Lei de imprensa n.º 2/99, de 13 de janeiro. Registro ERC n.º 128008.