O primeiro vereador eleito pelo Chega para a Câmara Municipal de Setúbal, António Cachaço, afirmou em entrevista ao Setúbal Notícias que o partido não aceitará qualquer proposta de pelouro por parte da presidente eleita, Maria das Dores Meira, reforçando a posição de independência e vigilância do partido no novo mandato autárquico.
“Neste momento, qualquer oferta de pelouro da parte de Dores Meira seria recusada. O posicionamento do Chega está alinhado com a distrital e com a direção nacional. Vamos avaliar cada projeto individualmente e apoiar apenas o que for verdadeiramente benéfico para os setubalenses e azeitonenses”, afirmou António Cachaço.
Dores Meira sob escrutínio e politicamente isolada
A nova presidente da Câmara de Setúbal, eleita como candidata independente, continua a enfrentar forte escrutínio público e a possibilidade de ser constituída arguida em processos relacionados com anteriores mandatos. Apesar de ter recebido apoio da direção nacional do PSD, Dores Meira rejeitou publicamente qualquer aliança com o partido, o que, na visão do Chega, demonstra incoerência e instabilidade política.
“Achamos estranho o posicionamento da distrital do PSD, que agora diz não haver linhas vermelhas para negociar com o Chega, quando na altura da campanha nem sequer apoiou Dores Meira”, comentou Cachaço. “Ainda assim, o Chega não pretende negociar pelouros com a presidente nem fazer parte da sua estrutura executiva.”
Chega assume papel fiscalizador e reforça presença autárquica
Com 24 eleitos no total — dois vereadores, sete deputados municipais e quinze membros de assembleias de freguesia —, o Chega alcançou o melhor resultado de sempre no concelho de Setúbal, consolidando-se como terceira força política local.
Cachaço sublinhou que o partido irá atuar de forma responsável e fiscalizadora, priorizando a defesa dos interesses dos cidadãos.
“Temos agora uma voz ativa e representativa dentro do concelho. Vamos utilizar essa força para fiscalizar e contribuir para melhorar a qualidade de vida dos munícipes, sem ceder a pressões ou interesses particulares”, garantiu.
Eleições atípicas e fragmentação política em Setúbal
António Cachaço classificou as últimas eleições autárquicas como “atípicas e de grande fragmentação política”, destacando a dissonância entre os votos para as juntas de freguesia, assembleia municipal e câmara.
Apesar de Dores Meira ter conquistado a presidência da câmara, não conseguiu eleger nenhuma junta de freguesia, enquanto o PS ultrapassou-a em votos totais.
“Foi uma eleição diferente de tudo o que já vimos em Setúbal. Há agora várias forças com voz ativa, e os próximos quatro anos vão exigir diálogo, mas também firmeza. Se todos tiverem vontade de melhorar o concelho, será possível avançar. Caso contrário, teremos quatro anos de muita luta”, afirmou o vereador.
Chega pondera apoio na Assembleia Municipal, mas mantém independência
Questionado sobre uma possível votação favorável a um membro do PS para a mesa da Assembleia Municipal, Cachaço preferiu não fechar portas, mas deixou claro que todas as decisões serão tomadas caso a caso, de acordo com o interesse público.
“Vamos avaliar tudo o que for proposto. O Chega vai analisar e decidir de forma autónoma, sempre com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos setubalenses e azeitonenses”, concluiu.
 
											



 
								







 
											

