No dia 24 de abril, véspera das comemorações do 51.º aniversário da Revolução dos Cravos, foi inaugurado o Memorial aos Resistentes Antifascistas em Palmela. A cerimónia juntou população, autarcas, alunos, professores, antigos presos políticos e os seus familiares, numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal, pela União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) e pela Escola Secundária de Palmela.
O monumento presta homenagem a 85 cidadãos do concelho que enfrentaram a repressão da PIDE e participaram activamente na luta contra a ditadura, em nome da liberdade e da democracia em Portugal.
Memorial abordará memória física e mensagem para o futuro
O memorial, assinada pelo artista Pedro Botelho, foi instalada na Estrada dos Restauradores do Concelho de Palmela, junto à Fonte do Carvacho, um local com forte carga simbólica, onde se realizavam acções contra a guerra colonial. O memorial destaca-se pelo seu estilo minimalista e pelo simbolismo dos cravos, evocando resistência, esperança e o compromisso com um futuro mais justo e democrático.
Dentro do monumento foi colocada uma cápsula do tempo concebida pelos alunos da Escola Secundária de Palmela. No seu interior, foram guardados testemunhos, textos institucionais e reflexões sobre liberdade, que só serão revelados daqui a 50 anos, reforçando a ligação entre gerações e o dever de manter viva a memória histórica.
Vozes que mantêm viva a memória
O presidente da Câmara Municipal, Álvaro Balseiro Amaro, destacou na sua intervenção a importância de preservar a herança de Abril e a responsabilidade de dar continuidade à luta pela liberdade. Sublinhou também o envolvimento de uma Comissão de Honra, das autarquias locais e do movimento associativo na construção do programa das comemorações.
Joaquim Judas, em representação da URAP, lembrou todos os que enfrentaram a clandestinidade, as prisões e a tortura em prol de um país livre. A cerimónia contou ainda com a leitura do poema “Eu sou português aqui”, de José Fanha, e com intervenções do professor António Correia, da professora Conceição Catela e da ex-aluna Bruna Samarra, que participaram no projecto da cápsula do tempo.
A inauguração do memorial faz parte do programa do 51.º aniversário do 25 de Abril em Palmela, promovido pelo município em parceria com juntas de freguesia e associações locais. O objectivo passa por garantir que o espírito de Abril continue a inspirar e a guiar o caminho cívico das próximas gerações.