Um mês passou desde a insólita inauguração da rotunda “low-cost” na Figueirinha — composta por simples barreiras de plástico branco e laranja — e, até hoje, não há qualquer sinal de substituição por uma estrutura definitiva. A rotunda provisória, apresentada pela Câmara Municipal de Setúbal como uma medida temporária para melhorar a circulação na época balnear, permanece exatamente como foi instalada: plástica, improvisada e alvo de críticas constantes.
A expectativa de que esta solução fosse rapidamente transitória esbarrou na realidade visível: trinta dias depois, nem planos públicos foram anunciados para uma intervenção mais robusta. A obra, inaugurada sem pompa, mas com a presença dos vereadores Pedro Pina, Rita Carvalho e da vice-presidente Carla Guerreiro, continua a ser motivo de chacota online — e, cada vez mais, de reprovação entre os munícipes.
Rotunda low-cost da Figueirinha virou piada nas redes sociais
Nas redes sociais, os comentários mantêm o tom de ironia e desapontamento. “A rotunda é tão provisória que já faz parte da paisagem”, escreveu um utilizador. Outro, em tom de sarcasmo, sugeriu: “Podíamos ao menos pintar as barreiras com motivos da Arrábida, já que vão ficar aí até ao próximo verão”. As piadas multiplicam-se, mas o descontentamento também: entre os residentes e veraneantes, a estrutura é vista como um remendo indigno de uma das praias mais visitadas do distrito, com estimativas que apontam para até 400 mil visitantes por ano.
A localização estratégica da Figueirinha — porta de entrada na Serra da Arrábida e ícone turístico da região — torna a ausência de uma solução estruturada ainda mais difícil de justificar. A Câmara, liderada por André Martins, insiste no caráter transitório da intervenção e na sua utilidade para organizar o trânsito, mas a imagem transmitida continua a ser de desleixo e amadorismo.
Mais do que uma rotunda, o que está em causa é a visão estratégica para a mobilidade e o ordenamento daquela zona costeira. Os setubalenses, atentos e exigentes, esperam mais do que barreiras plásticas em círculo: exigem planeamento, dignidade e investimento proporcional à importância do local. Até lá, a rotunda de brincar continuará a ser símbolo de uma política urbana que, ao invés de estruturar, improvisa — e não convence.