A recente renúncia de Rui Canas à presidência da União das Freguesias de Setúbal, passando o cargo para Fátima Silveirinha, levanta questões sobre o futuro político de uma das figuras mais emblemáticas da CDU em Setúbal. Embora o comunicado oficial justifique a saída por motivos profissionais, há sinais crescentes de que esta decisão pode refletir um cenário de rutura interna na coligação, num momento delicado para a CDU no município.
Um cenário de instabilidade na CDU em Setúbal
A saída de Rui Canas ocorre num período em que a CDU enfrenta dificuldades significativas em Setúbal. O orçamento municipal para 2025 foi recentemente chumbado, evidenciando uma dificuldade de articulação política com a oposição. Este revés junta-se a um coro de críticas e a uma espécia de coesão política apartidárias que reprova a gestão liderada por André Valente Martins, atual presidente da Câmara Municipal. A rejeição do orçamento reforça a perceção de fragilidade da CDU, abrindo espaço para especulações sobre o real impacto político da saída de Canas.
A enigmática decisão de Rui Canas
Conhecido pelo seu trabalho dedicado e pela valorização das comunidades locais, Rui Canas sempre foi uma peça central no fortalecimento do projeto político da CDU em Setúbal. A sua renúncia pode sinalizar um afastamento estratégico, alimentando rumores de uma eventual ligação à lista independente de Maria das Dores, ex-presidente da Câmara Municipal de Setúbal. Esta hipótese, embora não confirmada, surge como uma possibilidade intrigante, especialmente num momento em que figuras históricas da CDU parecem buscar novas alianças e caminhos políticos.
Um legado que divide opiniões
Se, por um lado, Canas é elogiado pelo legado deixado na União das Freguesias de Setúbal, por outro, a sua saída repentina levanta dúvidas sobre a continuidade e eficácia do projeto da CDU. Fátima Silveirinha, que assume agora a liderança, promete continuidade, mas o ambiente político desfavorável e a crescente insatisfação popular poderão limitar a sua margem de atuação.
Uma conjuntura política delicada
As eleições autárquicas de 2025 colocam ainda mais pressão sobre a CDU, que enfrenta um cenário de fragmentação interna e questionamentos sobre a sua capacidade de liderança. A renúncia de Rui Canas, em conjunto com o chumbo do orçamento municipal, revela um contexto político desafiador que pode redefinir o futuro da coligação no concelho.
A possível aproximação de Canas a uma lista independente liderada por Maria das Dores pode representar uma viragem significativa no panorama político setubalense, deixando a CDU numa posição de ainda maior vulnerabilidade. Será este o início de uma reconfiguração política em Setúbal? O tempo dirá.
Foto: União das Freguesias de Setúbal