O IMAPARK, adquirido por 4,4 milhões de euros durante a gestão de Maria das Dores Meira, continua ao abandono, sem cumprir os objetivos prometidos pela CDU. O imóvel, que deveria acolher o Mercado Abastecedor de Setúbal, um parque para camiões TIR e serviços operacionais da autarquia, nunca foi efetivamente utilizado para essas finalidades, acumulando anos de degradação e desperdício de dinheiro público.
A aquisição, realizada através de um leasing imobiliário, foi aprovada exclusivamente pelos votos da CDU, com forte oposição do PS e PSD, que alertaram para a falta de informação sobre os custos adicionais necessários para a reabilitação do complexo. Na altura, os vereadores socialistas e sociais-democratas apontaram que o espaço já apresentava graves problemas estruturais, incluindo deficiências na cobertura, saneamento e instalação elétrica.
Agora, passados vários anos, o imóvel permanece intocável e inutilizado, servindo apenas como um exemplo de má gestão e desperdício de recursos municipais. O tema voltou à tona na reunião de Câmara realizada a 19 de fevereiro de 2025, quando o presidente André Martins tentou atribuir à oposição a responsabilidade pelas dificuldades financeiras da autarquia, que fechou 2024 com dívidas a fornecedores que ultrapassavam os 30 milhões de euros.
A intervenção de Fernando José, vereador socialista e candidato à Câmara de Setúbal, foi contundente: “Atira culpas para tudo e todos, mas não faz uma autocrítica à gestão da CDU”. O socialista destacou os investimentos polémicos realizados pelo executivo comunista, como a compra do IMAPARK e da Praça de Touros, bem como a aquisição de outros edifícios que se encontram em estado de abandono. “A crise financeira atual é um reflexo direto das escolhas feitas pelo executivo da CDU ao longo dos anos”, reforçou.
O vereador Paulo Calado, do PSD, também se manifestou, enfatizando que “a dívida não é nossa. Sabemos muito bem de quem é a responsabilidade”. O social-democrata recordou que a CDU governa Setúbal desde 2001 e que a atual crise financeira é fruto de gestões mal planeadas.
Não foi a primeira vez que Fernando José alertou para o problema. Em outubro de 2023, o vereador socialista visitou o IMAPARK acompanhado por outros autarcas do PS e descreveu a situação como “um cenário de guerra”, referindo-se ao avançado estado de degradação do local. Na altura, classificou o projeto como “um elefante branco que não serve a ninguém” e criticou a CDU por manter o concelho refém de projetos sem planeamento e sem execução.
Com a câmara atolada em dívidas e sem capacidade de investimento, o futuro do IMAPARK continua incerto. O que era para ser um grande centro logístico e de serviços transformou-se num símbolo de desperdício de dinheiro público, somando-se a outras promessas não cumpridas da CDU.